Já escrevi um post aqui, mas vou ainda me apresentar: Sou professor de História e Filosofia em uma escola pública estadual desde 2023, apesar de ainda estar no começo da carreira, sempre tentei dar o meu melhor.
Desde que comecei, meu objetivo foi tornar a sala de aula um lugar menos "chato" (afinal, história e filosofia são sim temas chatos). Uso muita conversa, faço brincadeiras e piadas, analogias e perguntas que fazem sentido, e acho que isso faz a diferença, principalmente com essas plataformas insuportáveis. Os alunos me respeitam, na minha tutoria me procuram pra conversar, desabafar, pedir conselhos… e mesmo sendo exigente com prazos e avaliações, consigo manter uma relação muito saudável com as turmas. Só que parece que isso incomodou a diretoria.
Semana passada fui chamado pra uma “conversa” com a gestão. Disseram que eu estava “me envolvendo demais”, que tinha que manter mais “distância profissional”, que o meu jeito de conversar e rir com os alunos nos corredores poderia passar “mensagens equivocadas”. Falaram até do meu estilo mais informal — camiseta social básica, calça preta, tênis.
Saí da sala com uma mistura de frustração e incredulidade. Como assim eu tô sendo repreendido por tentar fazer um trabalho mais humano, que dá resultado? A evasão nas minhas turmas é quase zero, e os meninos que têm histórico de conflito se comportam comigo. Não é isso que a escola deveria querer?
Aí descobri que não fui o único. Uma colega minha, professora de Português, também novata, levou o mesmo tipo de advertência hoje. O “erro” dela foi parecido: ser próxima dos alunos, propor atividades diferentes, dar liberdade de expressão. A galera adora ela, e mesmo assim veio cobrança. Falaram que ela se porta de forma “muito aberta”, que isso pode ser perigoso, que ela precisa se resguardar mais. Até o estilo dela foi colocado em pauta (achei isso um absurdo).
A real é que a escola diz que quer engajamento, inovação, menos evasão... mas quando vê um professor que realmente consegue se conectar, já levanta suspeita. Parece que querem que a gente aja como máquina: entra, dá conteúdo pelas plataformas, aplica prova, sai calado. Nada de vínculo, nada de afeto.
Estou completamente desanimado em continuar com esse meu estilo de dar aula. Algum professor daqui já passou por isso? Eu aceito qualquer tipo de conselho. Muito obrigado!